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O que são Perturbações do Espectro do Autismo? (1)

O QUE SÃO?
As Perturbações do Espectro do Autismo ou Perturbações do Espectro Autista (PEA) são uma série de perturbações do desenvolvimento da criança caracterizadas por um conjunto de sintomas e provocadas por um problema a nível neurológico. A comunidade científica ainda desconhece exactamente o que causa este problema. Usualmente não existe nada na aparência da pessoa com PEA que a diferencie das outras pessoas, mas eles podem comunicar, interagir, comportar-se e aprender de formas diferentes das outras pessoas. As capacidades de pensar e aprender das pessoas com PEA podem variar desde o talentoso ao severo. A mais comum e conhecida manifestação de PEA é o autismo.

SINTOMAS E SINAIS

As Perturbações do Espectro Autista (PEA) começam antes dos 3 anos e permanecem durante a vida da pessoa, embora alguns sintomas possam melhorar com o tempo. Algumas crianças com PEA mostram indícios de futuros problemas nos primeiros meses de vida. Noutros, os sintomas podem aparecer após os 24 meses ou mais tardiamente. Algumas crianças com PEA aparentam ter um desenvovimento normal até aos 18/24 meses de idade e, repentinamente, param de adquirir novas habilidades/competências, ou perdem algumas das já adquiridas.

SINTOMAS
As Perturbações do Espectro Autista (PEA) são um grupo de perturbações do desenvolvimento que podem causar mudanças significativas a nível da socialização, da comunicação e do comportamento. As pessoas com PEA gerem a informação no seu cérebro de forma diferente das outras pessoas.
“Perturbações do espectro” significa que as PEA afectam cada pessoa de forma diferente, o que pode variar entre o ligeiro e o severo. As pessoas com PEA partilham sintomas similares, tais como problemas na interacção social. Mas existem diferenças na forma como os sintomas apareçem, a sua severidade e a exacta natureza dos sintomas.

Vários estudos mostram que entre 33% e 50% dos pais de crianças com PEA repararam nalgum problema antes do primeiro aniversário, e entre 80 a 90% detectaram problemas antes dos 24 meses de idade
Num estudo sobre detecção precoce das Perurbações do Espectro Autista realizado em 2005 em Espanha concluiu-se:

No autismo:
A família é a primeira a suspeitar que existe um problema
A idade média de suspeita situa-se nos 22 meses de idade.
A primeira consulta é realizada quase quatro meses depois (26 meses)
Obtêm-se um primeiro diagnóstico específico aos 52 meses de idade.
Muitas vezes demora mais de um ano a obter o primeiro diagnóstico e obtém-se um diagnóstico final um ano e meio após o início das consultas.

Nos Asperger:
A idade média de suspeita familiar é aos 36 meses
A primeira consulta é realizada oito meses depois (44 meses)
Obtêm-se um diagnóstico, em média, pelos nove anos e meio.

No mesmo estudo foram caracterizadas as barreiras que provocam o reconhecimento tardio das PEA

a) Âmbito familiar
Os pais tem dificuldades em detectar os sintomas das alterações comunicativo sociais , quer se trate do primeiro filho ou não. Uma analise a 100 respostas de famílias com crianças com autismo e níveis elevados de atraso do desenvolvimento, permitiu assinalar um padrão protótipo de apresentação do aparecimento da perturbação caracterizado por:
- Uma normalidade aparente nos 8 primeiros meses de desenvolvimento, acompanhada muito frequentemente de uma característica “tranquilidade expressiva” ou “passividade” não muito bem definida;
- Ausência de comunicação intencional tanto para pedir como para declarar, entre o nono e o décimo sétimo mês;
- Uma clara manifestação da alteração qualitativa do desenvolvimento, que coincide precisamente com o começo da chamada fase “locutiva” do desenvolvimento (da linguagem). Este padrão de alteração é específico do autismo, porque se associa a um menor atraso motor e menor grau de alteração médica e neurológica evidente.

b) Âmbito da Saúde

Os pediatras e os demais profissionais que prestam cuidados primários em geral carecem de informação e formação necessária, pelo que não reconhecem as alterações de comportamento. Além disto, com frequência tendem a pensar – erroneamente – que se trata de problemas leves e transitórios no desenvolvimento, e a recomendar aos pais para se esperar, quando detectam problemas de linguagem.

É importante salientar que algumas pessoas sem PEA podem ter alguns dos sintomas que se descrevem. Mas para as pessoas com PEA, estes comprometimentos tornam a sua vida muito difícil.

SINAIS DE ALERTA
Uma pessoa com PEA PODE:
• Não ter reacção quando chamada pelo seu nome pelos 12 meses;
• Não apontar para objectos mostrando interesse (apontar para um avião a voar) pelos 14 meses
• Não brincar a jogos do “faz de conta” (fazer de conta que alimenta uma boneca) pelos 18 meses
• Evitar o contacto ocular (desvia o olhar) e quer estar sózinha;
• Ter dificuldades em entender os sentimentos das outras pessoas ou falar acerca dos seus próprios sentimentos;
• Ter atrasos na linguagem e competências da fala
• Estar sempre a repetir palavras e frases (ecolália)
• Dar respostas desconexas às perguntas;
• Fica aborrecido com coisas insignificantes;
• Ter interesses obsessivos;
• Abanar (sacudir) as mãos, balançar o corpo, ou rodar em círculos;
• Ter reacções inesperadas a sons, cheiros, sabores, visual (cor/luminosidade) e tacto de coisas.

HABILIDADES SOCIAIS
Um dos sintomas mais comuns em todos os tipos de PEA são os problemas relacionados com a socialização. As pessoas com PEA não têm somente “dificuldades” tipo timidez. Os défices relacionados com a socialização provocam sérios problemas na sua vida diária.
Exemplos de problemas de socialização relacionados com as PEA:
• Não responde ao chamar pelo nome aos 12 meses de idade;
• Evita olhar para os olhos de outrém;
• Prefere brincar sozinho;
• Não partilha interesses com os outros;
• Só interage para obter um determinado objectivo desejado;
• É inexpressivo ou tem expressões faciais não condizentes com a situação;
• Não compreende os limites do seu espaço pessoal;
• Evita ou resiste ao contacto físico;
• Não é confortado por outros em situações de aflição;
• Tem dificuldade em entender os sentimentos das outras pessoas ou de falar acerca dos seus.
De uma forma geral as crianças tem curiosidade pelas pessoas e pelo que que se passa à sua volta. Por volta do primeiro aniversário, uma criança com desenvolvimento normal interage com os outros olhando directamente nos olhos do seu interlocutor, copiando palavras e movimentos, e fazendo gestos simples como bater as mão e dizer “adeus”. Nessa altura demonstra interesse por alguns jogos sociais tais como o “faz de conta” e o “esconde-esconde”. Porém para a criança com PEA pode ser muito difícil aprender a interagir com os outros.
Algumas pessoas com PEA podem não estar de todo interessadas noutras pessoas. Outras podem querer amigos, mas não compreendem como desenvolver a amizade. Muitas crianças com PEA têm muita dificuldade em partilhar e esperar pela sua vez – bastante mais do que as outras crianças. Isto pode levar a que as outras crianças não queiram brincar com elas.
As pessoas com PEA podem ter dificuldade em mostar ou falar acerca dos seus sentimentos. Podem também ter dificuldade em perceber os sentimentos dos outros. Muitas pessoas com PEA mostram alguma sensibilidade ao facto de serem tocadas e podem não querer ser segurada ou abraçada. Comportamentos auto estimulatórios (p.ex., agitar os braços vezes sem conta) são comuns entre as pessoas com PEA. A ansiedade e a depressão também afectam algumas pessoas com PEA. Todos estes sintomas podem fazer com que outros problemas sociais sejam difíceis de gerir.

COMUNICAÇÃO
Cada pessoa com Perturbações do Espectro do Autismo (PEA) tem habilidades comunicativas diferentes. Algumas pessoas falam correctamente. Outras não conseguem falar ou então falam muito pouco. Cerca de 40% das crianças com PEA não falam. Entre 25% e 30% das crianças com PEA dizem algumas palavras entre os 12 e os 18 meses de idade e posteriormente perdem essa capacidade. Outros podem falar mas um pouco tardiamente.
Exemplos de problemas da comunicação relacionados com as PEA:
• Atraso na fala e compreensão.
• Repetição corrente de palavras e frases (ecolália)
• Troca nos pronomes (ex. Diz “o” em vez de “Eu”)
• Dá respostas sem nexo com as perguntas;
• Não aponta ou responde apontando;
• Usa poucos ou nenhuns gestos (ex., não gesticula o “adeus”);
• Fala de forma monocórdica, robotizada, ou cantada;
• Não sabe “fingir” (faz de conta) nos jogos (ex., não consegue fingir “alimentar” uma boneca);
• Não entende piadas, sarcasmo, ou provocações.
As pessoas com PEA que falam podem expressar-se de forma diferente. Podem não ser capazes de construir frases completas. Algumas pessoas com PEA dizem somente uma palavra de cada vez. Outros repetem continuamente palavras e frases. Algumas crianças repetem o que lhe é dito, uma condicionante denominada ecolália. Essa repetiçao pode ser imediata ou demorar algum tempo. Por exemplo, se perguntar “queres sumo?”, a pessoa pode responder com “queres sumo?” em vez de responder á questão. No entanto muitas crianças sem PEA passam por uma fase em que repetem o que ouvem, o que normalmente passa depois dos 3 anos de idade. Algumas pessoas com PEA falam correctamente mas podem ter dificuldade em escutar o que os outros dizem.
As pessoas com PEA podem ter dificuldade em utilizar e compreender os gestos, a linguagem corporal ou o tom de voz. Por exemplo, algumas crianças com PEA podem não perceber o significado do abanar as mãos do “adeus”. Expressões faciais, movimentos e gestos podem não coincidir com o que eles estão a expressar. Por exemplo, uma pessoa com PEA pode sorrir ao comentar uma coisa triste.
Pessoas com PEA podem dizer “eu” quando querem dizer “tu”, ou vice versa. As suas vozes podem ser monocórdicas, robotizadas ou estridentes. Podem estar muito chegadas à pessoa com quem falam ou manter um tema como tópico conversação poe muito tempo. Podem falar muito sobre o que realmente gostam em vez de falar de vários assuntos com outra pessoa. Algumas crianças com bastante competência linguística falam como pequenos adultos, não se captando a forma de falar comum às outras crianças.

INTERESSES E COMPORTAMENTOS INVULGARES
Muitas pessoas com PEA tem interesses e comportamentos invulgares.
Exemplos de comportamentos e interesses unusuais relacionados com as PEA
• Alinhar brinquedos e outros objectos
• Brincar com briquedos sempre da mesma forma
• Gosta de partes dos objectos (p.ex. rodas)
• É muito organizado
• Fica chateado com pequenas alterações
• Tem interesses obsessivos
• Tem de seguir certas rotinas
• Sacode as mãos, balança o corpo ou roda em círculos.
Movimentos repetitivos são acções repetidas vezes sem conta. Eles podem ser feitos com uma parte do corpo, com o corpo inteiro ou até com um objecto ou brinquedo. Por exemplo, algumas pessoas com PEA podem passar muito tempo com movimentos repetitivos como abanar as mãos ou a balançar-se de um lado para o outro. Podem estar sempre a ligar e desligar o interruptor da electricidade ou a mover a roda de um carrinho de brinquedo. Estes tipos de actividade são conhecidos como auto estimulação.
As pessoas com PEA usualmente gostam de manter rotinas. Uma mudança na sua rotina diária – como uma paragem ao ir para a escola – pode ser perturbador. Podem perder o controlo, ficar apáticos ou petulantes, especialmente se for num lugar estranho.
Algumas pessoas com PEA podem desenvolver rotinas que parecem ser inusuais e desnecessárias. Por exemplo, podem tentar espreitar em cada janela á medida que caminham ao longo de um edifício ou podem querer sempre ver um determinado vídeo do princípio ao fim, incluíndo a ficha técnica. O não lhes ser permitido fazer este tipo de rotinas pode causar frustração e petulância.

OUTROS SINTOMAS / COMORBIDADES
Algumas pessoas com PEA PODEM apresentar outros sintomas, Estes podem incluir:
• Atraso mental;
• Epilepsia;
• Perturbação Bipolar
• Perturbação Obsessiva Compulsiva
• Hiperactividade (muito activo)
• Impulsividade (agir sem pensar)
• Tempo de atenção curto
• Agessividade
• Magoar-se
• Birras
• Hábitos estranhos de comer e de dormir
• Reacçãoes ou emoções unusuais
• Falta de medo, mais do que esperado.
• Reacções estranhas ao modo como as coisas soam, cheiram, sabem, parecem ou aparentam.

As pessoas com PEA podem ter reacções estranhas ao toque, cheiro, som, visual, sabor e sentir. Por exemplo, podem não reagir ou exagerar à dor ou a um barulho. Podem ter hábitos de comer estranhos, tal como só comerem alguns produtos. Outros podem ingerir lixo ou pedras. Podem também ter obstipações ou diarreias crónicas.
As pessoas com PEA podem ter hábitos de dormir esquisitos, humores e reacções estranhas. Por exemplo, podem rir ou chorar sem motivo ou ficarem apáticas quando era esperada uma reacção emocional. Por outro lado podem não mostrar medo de coisas perigosas, e podem ter medo de coisas inofensivas ou de eventos (acontecimentos).

(Fonte principal: traduzido e adaptado de http://www.blogger.com/www.cdc.gov)