A Mensagem da AIA para este Dia na comunicação apresentada pela Presidente da Direcção, Ana Paula Leite, na conferência "Detecção, Diagnóstico e Intervenção Precoce no Autismo"
A 18 de Dezembro de 2007, a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu designar o dia 2 de Abril como o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, a ser comemorado a partir do ano de 2008.
Estamos aqui reunidos para essa comemoração e o formato escolhido pela Direção da AIA para tal, foi realizar uma conferência sobre o tema “Detecção, diagnóstico e intervenção precoce no autismo” como forma de sensibilização para a dificuldade que existe nesta fase inicial de descoberta desta perturbação.
Não existem em Portugal dados sobre a idade média em que é detectada uma perturbação do espectro do autista (do Autismo clássico ao Asperger), nem tampouco a idade média do diagnóstico. É certo que deve ter início antes dos 3 anos de idade de forma à criança usufruir de uma efectiva e produtiva intervenção precoce.
Num estudo publicado pela revista Neurologia em 2005 (1), e acerca de um inquérito realizado a 641 famílias com filhos com perturbações autísticas em Espanha, a suspeita de que algo está mal na criança começa na família e em média por volta dos 22 meses. A primeira consulta demora mais 4 meses e um diagnóstico específico é feito aos 52 meses.
No mesmo artigo (1) é feita referência a um estudo americano de 2001 que apurou que os primeiros a suspeitar de um problema foram os familiares (60%), seguidos dos pediatras (10%) e dos serviços educativos (5%). Números similares aos encontrados em 2005 em Espanha.
Da análise ao Inquérito realizado em Espanha, resulta também que as primeiras suspeitas são relacionadas com alterações da comunicação: Ausência de linguagem oral, não responde quando chamado pelo nome – ou parece ter problemas auditivos – e não estabelece contacto ocular (olhos nos olhos). A estes comportamentos seguem-se os da relação social: falta de atenção, interesse ou curiosodade sobre o que se faz ou diz, relações pouco adequadas com outras crianças da mesma idade e birras injustificadas.
Quando os pais / familiares se preocupam, normalmente têm razão, o que não invalida que a falta de preocupação assegure a ausência de problemas. Por tal, torna-se necessário fazer um controlo do desenvolvimento da criança em determinadas etapas da sua vida, aplicando escalas de desenvolvimento.
As barreiras encontradas no estudo espanhol para um tardio reconhecimento do Autismo são:
a) No âmbito familiar
Os pais tem dificuldades em detectar os sintomas das alterações comunicativo sociais, quer se trate do primeiro filho ou não.
b) No âmbito da Saúde
Os pediatras e os demais profissionais que prestam cuidados primários, em geral carecem de informação e formação necessária, pelo que não reconhecem as alterações de comportamento. Além disto, com frequência tendem a pensar – erróneamente – que se trata de problemas leves e transitórios no desenvolvimento, e a recomendar aos pais para se esperar quando detectam problemas de linguagem.
Se a detecção do autismo é difícil, o diagnóstico também o é visto que não existem actualmente testes médicos ou análises ao sangue que o diagnostique. Os médicos baseiam o diagnóstico nos sintomas de comportamento e desenvolvimento.
Actualmente não existe cura para o autismo. No entanto, a investigação mostra que uma intervenção eficaz o mais cedo possível pode contribuir para melhorar bastante o desenvolvimento da criança. A intervenção precoce deve ser feita o mais cedo possível.
É muito importante as famílias estejam atentas aos sinais de alerta e discutam com o seu médico a sua suspeita de perturbações do desenvolvimento.
É muito importante que os clínicos ouçam as famílias e estejam atentos às suas preocupações e que façam uso das consultas de especialidade, como de um meio auxiliar de diagnóstico se tratasse, sem receios ou complexos de o seu trabalho estar a ser escrutinado por terceiros.
É muito importante que os educadores e professores saibam quais os sinais de alerta e apoiem as famílias direccionando-as para consultas especializadas.
É muito importante que os poderes públicos invistam na detecção, diagnóstico e terapias de intervenção, de forma a sê-lo o mais precoce possível, pois está comprovado que uma intervenção terapêutica precoce gera significativas melhorias na autonomia e interacção social da criança que certamente vai baixar os custos nos apoios necessários nas fases seguintes, escola, centros de actividades e residências.
Em nome da AIA agradeço a todos as pessoas presentes e espero que esta acção traga benefícios futuros para todos.
Obrigado.
(1) Pode aceder ao documento em AIA e escolher " o ficheiro "GBPDPEA - Guia de Boas Práticas na Detecção das PEA"
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